sábado, 18 de julho de 2009

Nostalgia

Hoje fui ver uma peça de teatro... Não foi o facto de ver a peça que me tornou nostálgica...
Eu explico: Eu estudei na Golegã até ao 10º ano. Quando andava na primária, eramos apenas crianças da terra, só que existe uma aldeia, a Azinhaga, 0que faz parte da Freguesia da Golegã que não tem aquilo que naquela altura se chamava o "ciclo", então os miúdos de lá, quando passavam para o dito ciclo, vinham estudar para cá...
Cheguei lá, com a minha irmã, e dou de caras com uma rapariga que, com a inocencia de idades tenras, apelidei de amiga... Era uma rapariga que, de uma forma ou de outra, contribuiu para o que sou hoje... Lembro-me de na altura gozarem comigo, sempre fui pequena e demorei a desenvolver do corpo de criança para o corpo de mulher... Hoje olho para ela, e tenho pena de ter alguma vez desejado ser como ela... Primeiro porque vi reconhecimento no seu olhar, logo seguido de um virar a cara de quem finge descaradamente que não me conhece... Será que custa dizer olá? Um simples aceno de cabeça? Vejo-a com um filho nos braços, com o 9º ano de escolaridade, conformada com a vida que escolheram para ela, porque não poderia ser mais, e pergunto-me: será possivel ela ter sido invadida pelos mesmos pensamentos que eu? Que se esteja a lembrar de como, depois de uma aula de educação física, reparou na minha vergonha ao despir-me, e por se achar tão agradável à vista, se sentiu no direito de me humilhar porque eu era lisa como uma tábua, aos 13 anos? Porque na altura se achava sábia e dona do mundo, porque a beleza abre muitas portas, infelizmente é realmente assim que o nosso mundo funciona. A unica coisa que posso pensar é que por estar com mais cerca de 30 kgs do que tinha na altura, se tenha lembrado dessa mesma situação e tenha tido vergonha, e tenha percebido como me senti, tão, mas tão inferior... Entristece-me que as pessoas sejam tão mediocres, e que se rejam por princípios tão superficiais, tão desprovidos de conteúdo...
A verdade é que não fui ali para me vingar, nem me sinto bem por fazer as pessoas sentirem o mesmo que me fizeram sentir a mim, mas a vida acaba realmente por ser justa mais cedo ou mais tarde, e cada um paga pelo mal que faz aos outros.

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