quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sonhos de cristal invadem minha mente como se não existisse mais nada... deixo-me vaguear por esta torrente de bons odores e musicalidade com  que o ambiente que me rodeia foi presenteado... Fecho os olhos em meus sonhos acordada e consigo ver, quase consigo tocar... e sentir... Abro os olhos novamente e vejo-me onde sempre estive, aqui! Não me sinto só, solidão não significa estar sozinho, mas ser sozinho! E eu não me sinto só porque estou só, mas não sou só!
Apaziguo os medos da minha alma com um suspirar profundo e preparo a artilharia para a guerra que se segue, mais uma...
Não gosto de momentos de transição mas quando começo a pensar, todos os momentos são de transição, um momento das nossas vidas está sempre entre outros dois momentos e, portanto, cada momento é de transição do anterior para o próximo, só não damos conta disso na maior parte das vezes. Momentos como o que estou a viver tornam-se proeminentes porque são claramente de transição, o deixar de fazer uma coisa e estar a espera de começar a fazer outra. É como a pausa no meio das refeições. Mas não gosto de momentos de transição, não gosto de naão saber o que me aguarda, não gosto de estar expectante. Procuro não entrar em pânico à medida que o tempo passa refugiando-me nas palavras, nos sonhos, na imagnação. Mas sei, sei que não caminho sozinha, caminho de mão dada com o meu porto de abrigo, caminho direcção do nascer do sol e olho em frente.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Adeus


Heis-me chegada a esta fase da minha vida, fase a que qualquer praça que não pretende ou não conseguiu entrar no quadro chega, a despedida. No meu caso aconteceu os dois, primeiro não consegui por razões que foram alheias, e os que me são próximos conhecem a história das injustiças desta instituição, e depois já não quis ficar... quis a vida mostrar-me que haverá mais para além disto. Não deixa no entanto de ser penoso despedir-me, não da farda, mas das pessoas com quem trabalhei ao longo de 6 anos...
Está agora a fazer 6 anos que cá cheguei, acabadinha de sair da Ota, 2º cabo, dia 17 de Novembro de 2003... fui colocada no D.P.P. onde estive um ano, depois passei mesmo para a secretaria da Esquadra... Aqui passei os ultimos 5 anos da minha vida, aqui aprendi, ensinei, sofri, ri, cresci enquanto militar, enquanto profissional e enquanto mulher. Aqui foi a minha segunda casa, às vezes primeira, aqui partilhei alegrias e tristezas com as amizades que fiz, levo no coração a lembrança de quem sempre me apoiou, de quem não me apoiou não guardo rancor.
Levo na lembrança tudo o que de bom passei nesta Esquadra, conhecida como a Esquadra de melhor ambiente da Base Aérea nº 11, as surpresas que tive, umas delas foi este quadro que me foi oferecido no meu jantar de despedida, outra foi o louvor que recebi no ano passado, do antigo Comandante de Esquadra...
É com alguma angústia que deixo a Força Aérea para enfrentar o mundo lá fora, angústia e receio, toda a gente tem medo da mudança.
Despeço-me então com uma lágrima no canto do olho desta Esquadra que é feita de pessoas humanas e generoras...
Adeus Esquadra 552 e que mais uma vez se faça ouvir a música da Esquadra que ao fim de 6 anos, finalmente, consegui decorar...

Lá vai a malta dos helicópteros
Lá vai a malta toda contente
À garraiada, à cachimbada
Haja bebida para toda a gente

E quando passam os helicópteros
Deixam no ar um tom de festa
Belas rapadas, grandes missões
Não há na FAP uma Esquadra como esta!