domingo, 2 de março de 2014

apos muitos anos

Já tinha saudades tuas e a tua presença aqui trouxe-me muitas coisas... fiquei um pouco nostálgica não só pelas conversas que há tanto tempo não tinhamos mas pela tua presença em si, que me lembrou que eu sou, ou quem eu era. Não me estou a queixar, estou onde estou por todas as escolhas que fiz, e não me arrependo delas, elas trouxeram-me aqui, à minha realização pessoal, à mulher feliz que sou por ter conseguido acreditar no amor e ter realmente atingido essa conquista, tenho os dois grandes amores da minha vida comigo. O Pedro que fica sempre do meu lado, e embora às vezes não saiba como sempre me apoiou e a luz dos meus olhos, o meu cagoito, que por mais negro que seja o dia consegue sempre arrancar-me um sorriso com o seu próprio sorriso inocente! Infelizmente na minha vida para atingir certos fins tenho de abdicar de outros, e falta-me essa parte de mim, profissionalmente sinto-me um fracasso, se por um lado acho que estou a desperdiçar tempo em que podia estar a ser util em qualquer lado, se por um lado acho que tive capacidades para fazer muita coisa, por outro sinto que as estou a perder, sou insatisfeita como tu, e aborreço-me facilmente com a vida, como agora que e desde há muito que não faço nada... e por um lado a culpa é minha, porque o meu pecado capital é a preguiça, e quanto mais tempo tenho para fazer as coisas menos vontade tenho para as fazer... será pedir muito, eu só queria um trabalho stressante, é essa a minha zona de conforto, é assim que me sinto em casa, com muito pouco tempo para muita coisa para fazer, para passar a vida a queixar-me que não tenho tempo para me coçar, mas no fundo só assim sou feliz... não sei, hoje sinto-me triste, a tua presença aqui obrigou-me a imaginar como poderia ter sido, mas não me entendas mal, não trocava, porque isso implica que eu hoje não tivesse o que tenho, mas... eu só queria trabalhar, um lugar ao sol, já merecia um pouco de sorte... enfim. é apenas um desabafo.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Palavras...

Abraço-te em tua angústia procurando amainar a tua dor, apaziguar a tua alma, tirar-te a dor de perda que te consome... mas os meus braços não chegam para abarcar tamanha dor...
Não suporto ver o teu rosto banhado de lágrimas... Caminho a teu lado, olhos pregados no chão, mão dada contigo, debaixo de um sol abrasador que não chega para te aquecer a alma, nem a minha por te ver assim. Perdes-te em devaneios de raiva por quem não fez o que podia e remorso por não teres podido fazer mais...

Dói-me a tua dor, dói-me não poder dar-te de volta o que perdeste, não ter o poder de fazer o tempo voltar atrás para que se pudesse ter feito as coisas de maneira diferente, dói-me o que te dói porque te dói, e nada mais te posso dar além destas e de todas as palavras que te direi ao longo da vida... nada tenho que te possa dar além destas palavras e da minha presença...Desculpa.  Amo-te!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Para ti mana

Olho à janela e perco-me em pensamentos, tentando imaginar a angústia que te consome, mas não consigo... a partir de determinada altura a minha imaginação não é suficiente para conseguir chegar perto do que se sente quando se perde um pai... Há tanto que gostava de fazer por ti, e por mais palavras que tenha para te dar, porque é apenas isso que se tem nestas alturas, isso e o silêncio, mas nem palavras nem silêncio te aliviam o fardo da dor que carregas no peito.
"Perdi o homem mais importante da minha vida..." são palavras que no silêncio não consigo deixar de ouvir, e no fundo sinto um pouco de remorso por não ter sido eu a estar lá para te segurar quando o teu telemóvel tocou com a triste notícia. Nada do que eu diga aqui ou mesmo pessoalmente vai mudar o teu estado de espírito. Senti que foi tão pouco ter ido ter contigo na sexta-feira, apesar de me ter apercebido que fui um pouco uma lufada de ar fresco naquela que se tornou agora a tua realidade.
Continua a ser tão pouco...
Apenas te quero relembrar que não estás sozinha no mundo... mana, quando não estamos sozinhos vale sempre a pena lutar, não te deixes vencer pelo cansaço da dor constante... Apenas acorda todas as manhãs para mais um dia de luta e não esperes... apenas vive um dia de cada vez... melhores dias virão, é uma promessa... e depois de tudo o que passamos juntas, de todas as histórias em que me "obrigaste" a acreditar, mesmo quando eu te dizia que era imaginação minha, agora és tu quem tem de acreditar... O teu pai ver-te-á com os galões de oficial, e não haverá pai mais orgulhoso no universo...
E não voltes a dizer nem mesmo para ti que não lhe deste motivos de orgulho, quando tu foste a filha que nunca o abandonou, e foste a que conseguiu ir mais longe... Quando ele partiu deste mundo partiu com uma certeza pelo menos, que tu realmente foste a que foi mais longe, e ainda estavas só a meio do caminho...
Tens força para superar tudo, e no fundo tu sabes que sim... Não te desinteresses agora do que tanto te custou a conquistar...
Estou contigo irmã... hands held... forever!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Sonhos de cristal invadem minha mente como se não existisse mais nada... deixo-me vaguear por esta torrente de bons odores e musicalidade com  que o ambiente que me rodeia foi presenteado... Fecho os olhos em meus sonhos acordada e consigo ver, quase consigo tocar... e sentir... Abro os olhos novamente e vejo-me onde sempre estive, aqui! Não me sinto só, solidão não significa estar sozinho, mas ser sozinho! E eu não me sinto só porque estou só, mas não sou só!
Apaziguo os medos da minha alma com um suspirar profundo e preparo a artilharia para a guerra que se segue, mais uma...
Não gosto de momentos de transição mas quando começo a pensar, todos os momentos são de transição, um momento das nossas vidas está sempre entre outros dois momentos e, portanto, cada momento é de transição do anterior para o próximo, só não damos conta disso na maior parte das vezes. Momentos como o que estou a viver tornam-se proeminentes porque são claramente de transição, o deixar de fazer uma coisa e estar a espera de começar a fazer outra. É como a pausa no meio das refeições. Mas não gosto de momentos de transição, não gosto de naão saber o que me aguarda, não gosto de estar expectante. Procuro não entrar em pânico à medida que o tempo passa refugiando-me nas palavras, nos sonhos, na imagnação. Mas sei, sei que não caminho sozinha, caminho de mão dada com o meu porto de abrigo, caminho direcção do nascer do sol e olho em frente.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Adeus


Heis-me chegada a esta fase da minha vida, fase a que qualquer praça que não pretende ou não conseguiu entrar no quadro chega, a despedida. No meu caso aconteceu os dois, primeiro não consegui por razões que foram alheias, e os que me são próximos conhecem a história das injustiças desta instituição, e depois já não quis ficar... quis a vida mostrar-me que haverá mais para além disto. Não deixa no entanto de ser penoso despedir-me, não da farda, mas das pessoas com quem trabalhei ao longo de 6 anos...
Está agora a fazer 6 anos que cá cheguei, acabadinha de sair da Ota, 2º cabo, dia 17 de Novembro de 2003... fui colocada no D.P.P. onde estive um ano, depois passei mesmo para a secretaria da Esquadra... Aqui passei os ultimos 5 anos da minha vida, aqui aprendi, ensinei, sofri, ri, cresci enquanto militar, enquanto profissional e enquanto mulher. Aqui foi a minha segunda casa, às vezes primeira, aqui partilhei alegrias e tristezas com as amizades que fiz, levo no coração a lembrança de quem sempre me apoiou, de quem não me apoiou não guardo rancor.
Levo na lembrança tudo o que de bom passei nesta Esquadra, conhecida como a Esquadra de melhor ambiente da Base Aérea nº 11, as surpresas que tive, umas delas foi este quadro que me foi oferecido no meu jantar de despedida, outra foi o louvor que recebi no ano passado, do antigo Comandante de Esquadra...
É com alguma angústia que deixo a Força Aérea para enfrentar o mundo lá fora, angústia e receio, toda a gente tem medo da mudança.
Despeço-me então com uma lágrima no canto do olho desta Esquadra que é feita de pessoas humanas e generoras...
Adeus Esquadra 552 e que mais uma vez se faça ouvir a música da Esquadra que ao fim de 6 anos, finalmente, consegui decorar...

Lá vai a malta dos helicópteros
Lá vai a malta toda contente
À garraiada, à cachimbada
Haja bebida para toda a gente

E quando passam os helicópteros
Deixam no ar um tom de festa
Belas rapadas, grandes missões
Não há na FAP uma Esquadra como esta!


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Perfeição

Olho-te na noite e vejo-te em ti... desiludes-te com a vida porque buscas uma perfeição que não existe... Procuras que tudo seja perfeito, que o momento seja perfeito, que as pessoas sejam perfeitas, e que não hajam problemas para manchar essa tua bolha de perfeição... queres que tudo aconteça da unica maneira que não pode acontecer... sem falhas... sem erros... e desiludes-te contigo porque não aceitas menos do que isso... e culpas-te por não conseguires o que mais ninguém consegue, transformar o mundo num lugar em que a felicidade é constante, e que as lágrimas não caem dos olhares apaixonados...
Perfeição? Na verdadeira acepção da palavra, não existe... não há nada no mundo que não tenha um defeito, por mais ínfimo que seja... Perfeição é como o vazio... desprovido de essência, de matéria, o vazio seria perfeito, não fosse ele a maior imperfeição que existe... é perfeito no que o constitui, mas será que o nada é perfeito? o nada é a ausência de qualquer coisa, ausencia significa falta, falta é uma falha, uma imperfeição... pois se nem o vazio é perfeito, onde é que existe perfeição afinal?
Queres saber o que é perfeição para mim?
A perfeição reside naquele abraço dado no momento certo, na sincronia com que os nossos corpos se unem ao mesmo tempo que os nossos olhares se cruzam... perfeição está naquela lágrima que cai de saudade... perfeição está naquela mensagem que chega ao meu telemóvel nos momentos mais imperfeitos da minha vida, e que os tornam menos imperfeitos...
Queres saber onde é que está a perfeição para mim?
Está no facto de ter a capacidade de dizer: "eu amo-te" e ser verdade.
Está no facto de receber como resposta: "eu também te amo" e ser verdade também!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um sorriso e uma flor

Bates-me a porta, noite cerrada, uma flor escondida para te desculpares! Estava zangada, mas zanga alguma poderá ser mantida depois de um abraço, uma flor e um "desculpa"... sou assim, perdoo-te num abrir e fechar de olhos, e esqueço todas as palavras duras e algumas injustas até que te disse... esqueço o que já não me dói, e ter-te à minha porta apaga a dor da tua ausencia forçada, não era preciso a flor, bastavas apenas tu... A chuva cai lá fora, mas cá dentro faz sol em cada gargalhada sincera... Meus olhos brilham quando olho para ti e sei... Apertas-me em teus braços e sinto-me em casa...