
As vozes gritaram, não quis ouvir, os sonhos mostraram, fechei os olhos... O destino ergueu-se da lama, do lodo, tocou-me, nojento! Desenterrou do fundo do túmulo o que a morte tinha levado, varreu o pó das memórias e tudo regressa a um aviso, tudo regressa ao que ouvi e vi... Estava escrito nas linhas do destino que assim teria de ser... Que tinha de morrer, de me sepultar, de ser vazia, de tudo e de nada, porque havia demasiado vazia nas coisas que sentia e depois... Demasiado vazio no vazio!
Sufoquei, gritei, gemi! Tinha de me libertar, de me prender, de viver, de ser tudo e ser nada, porque a sombra sempre me acompanhou... Fugi, mas não consegui escapar, nunca me poderia esconder...
Sou... Nem sei mais... Somos o que vivemos... Quando não vivemos, somos o quê?
Roubaram-me primeiro a inocência e deram-me guerra, depois tiraram-me a guerra e deram-me paz, no meio tempo foram-me dando e tirando tudo quanto havia de bom e de mau! Depois... Tiraram-me a alma, a esperança, tiraram-me de mim, e quando pensei que não poderia estar mais perdida...
... Roubaram-me também a dignidade!
Agora...
... Estou apenas...
... Sentada na beira do rio...
... Hei de ver-te passar!
19Jul2007